quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Número de evangélicos aumenta e o de católicos, cai



Pesquisa realizada pela FGV mostra que panorama religioso passou por mudanças significativas


opopular
Maria José Silva

25 de agosto de 2011 (quinta-feira)


O panorama religioso em Goiás passou por mudanças significativas nas duas últimas décadas. Enquanto o número de seguidores da religião católica caiu, a quantidade de adeptos da religião evangélica teve um avanço considerável na capital e em diversas cidades goianas. A pesquisa Novo Mapa das Religiões, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o objetivo de traçar o perfil religioso da população do País, dos Estados e das regiões, revela que entre os anos de 1991 e 2009 o quantitativo de católicos no Estado caiu de 79,63% para 65,42%. No mesmo período, o contingente de evangélicos pentecostais cresceu de 8,67% para 15,65% e o de evangélicos tradicionais pulou de 3,52% para 9,38% (veja quadro).





O estudo da FGV foi estruturado com o objetivo de realizar um completo levantamento estatístico atualizado sobre a presença das diferentes religiões nos recantos do País. Para tanto, os pesquisadores fundamentaram-se nos Censos Demográficos de 1991 e 2000 e nas Pesquisas de Orçamentos Familiares de 2003 e 2009, ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os organizadores do Novo Mapa das Religiões constataram que em nenhuma outra variável socioeconômica - como casamento, fertilidade, ocupação, renda, moradia e acesso a bens de consumo - foi constatada mudança vertiginosa quanto à composição religiosa da população.



O panorama das religiões em Goiás segue a mesma tendência da situação em todo o País. Conforme a pesquisa, houve uma queda de 15,19 pontos porcentuais no número de católicos no território brasileiro e o aumento de 7,07 pontos porcentuais na quantidade de evangélicos pentecostais no Brasil. O diretor do Departamento de Filosofia e Teologia (FIT) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Valmor da Silva, destaca que este fenômeno está relacionado sobretudo a fatores históricos da religião no Brasil.



A Igreja Católica, acentua Valmor Silva, foi introduzida no País de forma hegemônica, durante a colonização. Nos séculos posteriores, não passou pelo processo de aculturação. Contrariamente, conforme o diretor do FIT, a Igreja Católica manteve o padrão europeu, caracterizado por hierarquia rígida e pelo seguimento de dogmas.



Já a Igreja Evangélica, assinala Valmor Silva, conseguiu aproximar-se mais da cultura brasileira, apresentando-se à população com uma hierarquia menos fechada. Nela, por exemplo, não há celibato nem a liderança exclusiva aos homens. Os cultos seguem a Bíblia e a palavra de Deus é interpretada mais livremente. "A Igreja Evangélica conseguiu acompanhar mais as mudanças culturais, com espaço maior para as mulheres", ressalta Valmor Silva, emendando que os pastores são mais populares.



Papel social



O avanço do número de seguidores da Igreja Evangélica também pode estar relacionado ao fato de os seus componentes desenvolverem um intenso trabalho social em favor dos adeptos, buscando claramente o crescimento de seguidores. O presidente da Ordem dos Teólogos e Teoterapeutas do Brasil, pastor João Batista Ayres Rosa, acentua que a Igreja Evangélica, de forma geral, tem um importante papel na recuperação de dependentes químicos e atua de forma efetiva com o aconselhamento psicoterapêutico. Além disso, conforme diz, os evangélicos desenvolvem ações de evangelização em presídios, e de conscientização nas casas dos fiéis.