terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onde estudar Teologia?

Onde estudar Teologia?

Entrevista com Marcos Orison Nunes de Almeida
O desejo de servir a Deus de maneira eficaz é um dos motivos mais relevantes que leva os líderes vocacionados para o pastorado às faculdades de teologia. É importante, no entanto, saber qual instituição atenderá as necessidades reais destes líderes, e mais ainda, conhecer as possíveis implicações da escolha por uma instituição que divulga algo e oferece outra bem diferente.
Com o objetivo de conceder informações sobre as diferenças, vantagens e desvantagens de cursar uma faculdade de teologia reconhecida pelo MEC é que entrevistamos um avaliador do Ministério da Educação.
Marcos Orison Nunes de Almeida é graduado em Engenharia Mecânica pela PUC-RJ e em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana (FTSA), mestre em Missiologia pela FTSA e doutor em Estudos Interculturais pelo Fuller Theological Seminary (California - EUA). Atualmente é diretor executivo da Associação Cristã Evangélica Sul Americana (ACESA) – mantenedora da FTSA, onde é professor. Também é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Que vantagens e desvantagens a regulamentação dos cursos de teologia pelo MEC trouxe para a igreja brasileira?

Orison:
As vantagens se referem à concepção mais ampla do que significa educação. As exigências para o reconhecimento de um curso requerem da instituição, em seus mais variados níveis, desde a mantenedora ao corpo docente e técnico-administrativo, o entendimento sobre a tarefa educadora. Isto envolve a elaboração de um complexo projeto que visa o desenvolvimento da instituição atrelado a um projeto pedagógico, nas diversas esferas que eles incluem. Ao inserirem-se neste processo, as instituições, invariavelmente, melhoram em qualidade estrutural e pedagógica.
O risco que isto envolve, chamando-o de desvantagem, é a possibilidade da perda do senso de missão ministerial que a escola porventura tenha com relação a sua função de serva da igreja. Em última instância a escola teológica prepara os futuros líderes da igreja, ainda que este não seja o objetivo principal da função social da educação visado pelo MEC. Ao mesmo tempo em que a escola reconhecida tem que perceber a sua função social educadora para o bem comum da sociedade, ela deve manter o seu horizonte ministerial claro, como parte integrante da igreja de Cristo. Essas fronteiras, algumas vezes, são nebulosas.
O fato da necessidade de uma graduação em teologia não ser uma constante no meio evangélico seria um dos fatores que tem gerado crise de sustentabilidade das faculdades teológicas, como foi o caso que noticiamos do Instituto Metodista Bennett ?

Orison:
A crise de sustentabilidade é geral, não é privilégio do Brasil. Há vários cursos deficitários, entre os quais se inclui o de Teologia. Mesmo no exterior, há a necessidade da captação de recursos, por meio de doações, para a manutenção desses cursos. A teologia vista como uma profissão não é atrativa, principalmente, para a classe média. São poucos os casos de ingressantes nos cursos de teologia oriundos da classe média que poderiam arcar com os custos de um curso superior.
É claro que o crescimento do tipo de formação que visa o preparo de uma liderança com habilidades específicas, quase que pragmático, para diversos ministérios, realizados na própria igreja local, esvazia os cursos regulares, mas considero uma série de outros fatores para a presente crise: 1) A pulverização da oferta de cursos de nível superior, com mensalidades baixas, feitas por instituições que visam o lucro em primeiro lugar e não a educação em seu sentido maior. 2) O recrudescimento das denominações históricas em relação ao contexto da igreja evangélica atual. Essas denominações possuem escolas antigas que, talvez, não ofereçam um curso que atenda a expectativa das diferentes matizes de igrejas. 3) O aumento do custo operacional das escolas que ingressam no processo de reconhecimento junto ao MEC requerendo delas uma gestão mais profissional e eficaz para a qual muitas vezes não estão preparadas.

Muitas denominações têm trabalhado com a idéia de uma faculdade própria, solução já bem conhecida no mundo dos negócios, onde é chamada de "universidade corporativa". Esta seria uma solução para atender as necessidades específicas de cada denominação?
Orison: No caso da teologia, ainda que esta área possa se tornar um palco de disputas dogmáticas, algumas vezes de intransigência e falta de diálogo, essa não é a perspectiva para a qual a mesma está incluída como área do saber superior pelo MEC. A opção denominacional na oferta da teologia, deve estar muito aquém do fechamento ideológico e dogmático. A teologia, como carreira superior, não se presta a esse tipo de posicionamento. Ela deve incluir em seu projeto pedagógico uma função social clara, além do diálogo interdisciplinar. Mesmo que haja a priorização da formação sacerdotal, o teólogo, por assim dizer, não deve ser restrito a esse papel somente. Dessa forma, quando uma denominação opta por uma formação restrita, que sirva prioritariamente a seus propósitos caseiros, ela perde de vista aquele ideal de contribuinte da sociedade.
Nenhuma formação pastoral é obrigada a se submeter ao reconhecimento do MEC. Cada instituição deve ter muito clara, em sua missão e visão, a sua razão de existir. Concordando ou não com o que já posto em marcha pelo MEC, a formação do teólogo não está diretamente relacionada à ordenação pastoral ou à função sacerdotal. Aliás, elas deveriam caminhar de forma paralela. A primeira enquadra-se dentro dos parâmetros nacionais de educação para cumprir o seu papel social amplo e a segunda faz parte de um processo próprio de cada denominação com suas exigências. Além disso, o denominacionalismo radical bem como o isolacionismo, caminham contra a tendência mundial que requer cada vez mais a abertura ao diálogo.
Sem dúvida, instituições multidenominacionais, como a FTSA, podem sofrer a perda de novos ingressantes que, por pressão da denominação a que pertencem, se vêem forçados a realizar Teologia naquela instituição específica para poderem seguir o processo de ordenação. No entanto, dependendo da proposta pedagógica, metodológica, de conteúdo, da qualidade do corpo docente e estrutural, estas mesmas escolas multidenominacionais podem chegar a um posicionamento no mercado educacional suficiente para manterem-se como uma excelente opção de formação.
Sabemos que algumas faculdades de teologia tem funcionado irregularmente, fazendo propaganda do curso sem a perspectiva de reconhecimento pelo MEC. Alguns alunos, por sua vez, começam o curso com a esperança de um reconhecimento que, de fato, não ocorrerá. Que cuidados devem ser tomados neste sentido?
Orison: O caminho mais simples é verificar diretamente em um dos sites disponibilizados pelo MEC se a instituição está regularizada perante o governo (http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/). É muito importante entender o processo regulatório que consiste basicamente de três status: credenciamento da mantenedora, autorização do curso e reconhecimento do curso. Há muita nomenclatura sendo usada na propaganda de cursos por aí, mas apenas estas três são oficiais. Uma instituição para oferecer um curso superior deve, em primeiro lugar, credenciar a sua mantenedora. Atualmente, o credenciamento, embora seja um processo à parte, acontece simultaneamente à autorização do primeiro curso (essa regra é válida para as faculdades isoladas, situação da maioria dos seminários teológicos, e não para os centros universitários e universidade). O MEC, por intermédio do INEP, envia avaliadores para verificar in loco as informações prestadas pela instituição que municia a Secretaria de Ensino Superior (SESU) de um relatório em que será baseada a sua decisão final com vistas ao duplo processo. Quando o curso é autorizado, a instituição poderá requerer o reconhecimento deste curso após a metade do tempo previsto para a sua conclusão. Um novo processo é aberto e uma nova visita marcada para, mais uma vez, serem verificadas as condições do curso. Sendo reconhecido, o curso deverá passar posteriormente por solicitações periódicas de renovação do reconhecimento, porém, sem alteração do status. Qualquer aluno ingressante em um curso não-autorizado ou apenas autorizado não possui qualquer garantia de obter um diploma reconhecido. Obviamente, um curso já autorizado tem grandes chances de ser reconhecido, mas não existe garantia por parte do MEC ou da própria instituição quanto a isso.
Como funciona a validação de créditos para pessoas que se graduaram em teologia nos seminários, não reconhecidos pelo MEC? Que cuidados devem ser tomados ao se escolher um programa de atualização desta natureza?
Orison: Atualmente este processo segue o Parecer CNE/CES 0063/2004 (qualquer pessoa pode facilmente consultá-lo na internet). Os requisitos para que aqueles que concluíram um curso livre em Teologia possam solicitar a integralização de seus créditos e validar o seu diploma são: a) comprovação do certificado do ensino médio ou equivalente; b) ingresso no curso através do processo seletivo do curso de Teologia ou da Instituição como um todo; c) que esses cursos tivessem a duração de, pelo menos, 1.600 horas (no mínimo em dois anos); d) que os interessados comprovassem a conclusão dos cursos; e) apresentação do conteúdo programático das disciplinas em que pretendem o aproveitamento. A outra exigência é de cursar, no mínimo, 20% da carga horária exigida para a obtenção do diploma de Curso Superior Teologia, bacharelado.
A verificação do status da instituição em que se busca a validação é um cuidado que se deve ter, pois apenas as instituições reconhecidas podem realizar essa tarefa.
Quais seriam as desvantagens ou problemas em se cursar uma graduação em teologia que não tem reconhecimento pelo Ministério da Educação?
Orison: A primeira grande desvantagem é a não obtenção de um grau superior. Há um outro problema ou risco não divulgado, mas que eventualmente deve se concretizar: a limitação da validação dos cursos livres. Entendo que o Parecer 0063 deva ter uma validade limitada, ainda que não especificada em seu texto, ou seja, depois de uma determinada data não será permitida a validação de diplomas livres. Caso isso não ocorra, ficam sem sentido a regularização da Teologia como curso superior e as exigências de reconhecimento. Quer dizer, se a validação de cursos livres for ilimitada não há razão de existir a diferença entre curso reconhecido e livre, uma vez que um acaba, indiretamente, reconhecendo o outro, com a diferença de apenas 20% do currículo.
Sem entrar no mérito da questão da qualidade dos cursos de Teologia que existem há muitos anos no Brasil, o ingresso em uma instituição reconhecida garante um mínimo de excelência da instituição e do projeto pedagógico do curso. O processo pelo qual uma instituição é submetida para chegar ao reconhecimento exige dela uma adequação aos critérios de avaliação pelo MEC, envolvendo um alto grau de gestão administrativa e acadêmico-pedagógica, diferenciando-a das instituições não reconhecidas. Além disso, o aluno estará; de certa forma, protegido de situações que poderiam prejudicar a sua formação, uma vez que, tendo o aval do MEC, o curso deverá cumprir uma série de exigências à semelhança de qualquer outro curso superior.
Como avaliador do MEC e pastor, que orientações você daria a líderes e pastores que desejam fazer ou encaminhar alunos para os cursos de teologia, mas estão confusos na escolha da instituição e desconhecem alguns comportamentos éticos duvidosos que estão por trás de algumas faculdades?

Orison:
Antes de tudo devemos prezar pela elevada ética cristã. Há vários casos de conhecimento público de instituições que possuem fachada de cristãs mas vêm cometendo verdadeiros absurdos na oferta de seus cursos. A primeira ação é se informar bem antes de escolher uma instituição: visitando as páginas do governo para saber sua situação legal e as páginas da própria instituição. Observe como os cursos são divulgados, os termos utilizados. Desconfie de parcerias que garantem a validade dos diplomas, esse é um caminho estranho. O reconhecimento é dado a uma instituição específica para funcionar em um local (endereço) específico. Instituições não têm o poder de chancelar outras, este é um papel do MEC. Verifique o corpo docente, um dos indicadores avaliados pelo MEC. Os professores que prezam pela carreira acadêmica podem ser conhecidos por meio de seu Currículo Lattes (http://lattes.cnpq.br/). Informe-se com pessoas do seu universo de contato sobre a instituição, seus dirigentes, professores e ex-alunos. Indicação de pastores, líderes, amigos e ex-alunos é sempre um bom início.
Fonte: Publicado em 10.11.2009 pelo Instituto Jetro

PARECER DO MEC SOBRE CURSOS DE TEOLOGIA

PARECER DO MEC SOBRE CURSOS DE TEOLOGIA

Publicamos a seguir a íntegra do Parecer Nº: 118/2009 do Conselho Nacional de Educação, aprovado em 6/5/2009. Ele oferece orientações para instrução dos processos referentes ao credenciamento de novas Instituições de Educação Superior e de credenciamento institucional que apresentem cursos de Teologia (bacharelado). Embora esteja ainda aguardando homologação, é importante termos dele ciência e, inclusive, debatê-lo da forma mais ampla possível.

PARECER DO MEC SOBRE CURSOS DE TEOLOGIA

I – RELATÓRIO

As teologias são sistemas de símbolos, pressupostos, valores e temas historicamente presentes nas sociedades humanas que se imbricam na cultura, na história, na subjetividade e no comportamento humano, tornando-se referência de modos específicos de significar o mundo e a vida. Elas agregam identidades e instituições e determinam grande parte de suas ações. Fazem parte da realidade social e individual, como produtos culturais passíveis de estudo, aos modos de qualquer outro fenômeno humano. O estudo das teologias ao longo do tempo, em seus aspectos contextuais, possibilita a compreensão da história da humanidade e de nosso País, suas tradições e heranças culturais, assim como os fenômenos sociais e religiosos da atualidade. Uma revisão dos pareceres do CNE que tratam dos cursos de Teologia aponta para duas direções: afirmação do caráter leigo do Estado e liberdade das IES quanto à sua definição religiosa.

O Parecer CNE/CP nº 241/1999, reafirmado pelo Parecer CNE/CES nº 63/2004, coloca que:

Em termos de autonomia acadêmica que a Constituição assegura, não pode o Estado impedir ou cercear a criação destes cursos (de Teologia). Por outro lado, devemos reconhecer que, em não se tratando de uma profissão regulamentada, não há de fato, nenhuma necessidade de estabelecer diretrizes curriculares que uniformizem o ensino desta área de conhecimento. Pode o Estado, portanto, evitando a regulamentação do conteúdo do ensino, respeitar, plenamente, os princípios de liberdade religiosa e da separação entre Igreja e Estado, permitindo a diversidade de orientações.

(…)

Tendo em vista estas considerações, votamos no sentido de que:

a) os cursos de bacharelado em Teologia sejam de composição curricular livre, a critério de cada instituição, podendo obedecer a diferentes tradições religiosas;

b) ressalvada a autonomia das Universidades e dos Centros Universitários para a criação de cursos, os processos de autorização e reconhecimento obedeçam a critérios que considerem exclusivamente, os requisitos formais relativos ao número de horas-aula ministradas, à qualificação do corpo docente e às condições de infra-estrutura oferecidas.

Conforme esse Parecer, a CES passou a pautar-se pela análise apenas das condições formais dos cursos de Teologia, sem considerar as suas matrizes curriculares, seguindo o expresso no Parecer CNE/CES n° 429/2005:

Aplicam-se aos cursos superiores de Teologia todas as demais exigências contidas nas regras gerais estabelecidas para os demais cursos de graduação, quais sejam: conclusão do Ensino Médio, processo seletivo próprio, solicitar o reconhecimento do curso após cumprimento de 50% de sua carga horária, qualificação do corpo docente, instalações…

A exclusão da análise da matriz curricular, deixando às instituições plena liberdade na composição de seus currículos, no entanto, terminou por gerar a aprovação de cursos de Teologia com caráter, exclusivamente, confessional. Alguns desses cursos não apresentam características acadêmicas, não respeitam o pluralismo da área nem a universalidade de conhecimento própria do ensino superior. Restringem-se a uma única visão teológica e se caracterizam como cursos catequéticos a serviço de uma confissão religiosa e terminam por ferir o princípio constitucional da separação entre Igreja e Estado, pois preparam o aluno para atuar em uma única religião, papel que não cabe ao Estado nem a instituições de ensino superior por ele credenciadas. Por essa razão, o Parecer CNE/CES n° 101/2008 levanta dúvidas sobre a pertinência de o CNE credenciar uma faculdade a partir de um curso de Teologia. Tais discussões resultaram na constituição de Comissão, instituída pela Portaria CNE/CES nº 3/2008, com o objetivo de apresentar orientações que auxiliem na elaboração desse tipo de parecer.

Como graduação, os cursos de Teologia, bacharelado, devem obedecer ao Parecer CNE/CES nº 776/97, que afirma a necessidade de incentivar uma sólida formação geral necessária para que o futuro graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de produção do conhecimento.

Vale lembrar que o Art. 43 da LDB, ao tratar das finalidades da educação superior, em especial em seus incisos I, III e VI, estabelece o dever de:

I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo.

(…)

III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive.

(…)

VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais (…).

É importante, portanto, que os cursos de graduação em Teologia, bacharelado, no País garantam o acesso à diversidade e à complexidade das teologias nas diferentes culturas e permitam analisá-las à luz dos diferentes momentos históricos e contextos em que se desenvolvem. Devem, ainda, garantir uma ampla formação científica e metodológica, por meio da flexibilidade curricular na área do conhecimento e interação com as áreas afins.

Por essa razão, o estudo das teologias, da área de Ciências Humanas conforme classificação CAPES/CNPq, não pode prescindir de conhecimentos das ciências humanas e sociais, da filosofia, da história, da antropologia, da sociologia, da psicologia e da biologia entre outras. Essas ciências permitem estudar o universo teológico respeitando o princípio da “exclusão da transcendência”, condição da abordagem científica, ou seja, não se trata de afirmar ou negar a veracidade das afirmações teológicas, mas, sim, estudar o modo como elas surgem, como se manifestam e como atuam nas diferentes dimensões da vida, das experiências e do conhecimento humano. O estudo da teologia deve, ainda, buscar diálogo com outras áreas científicas, possibilitando estudos interdisciplinares.

Salienta-se, outrossim, a importância do respeito à laicidade do Estado, a fim de evitar que os cursos tenham um caráter confessional, proselitista, fechados em uma única visão de mundo e de homem. Espera-se que os cursos de graduação em Teologia, bacharelado, formem teólogos críticos e reflexivos, capazes de compreender a dinâmica do fato religioso que perpassa a vida humana em suas várias dimensões.

Propõe-se que os currículos dos cursos de graduação em Teologia, bacharelado, desenvolvam-se a partir dos seguintes eixos:

1. eixo filosófico – que contemple disciplinas que permitam avaliar as linhas de pensamento subjacentes às teologias, conhecer as suas bases epistemológicas e desenvolver o respeito à ética;

2. eixo metodológico – que garanta a apropriação de métodos e estratégias de produção do conhecimento científico na área das ciências humanas;

3. eixo histórico – que garanta a compreensão dos contextos culturais e históricos;

4. eixo sócio-político – que contemple análises sociológicas, econômicas e políticas e seus efeitos nas relações institucionais e internacionais;

5. eixo linguístico – que possibilite a leitura e a interpretação dos textos que compõem o saber específico de cada teologia e o domínio de procedimentos da hermenêutica;

6. eixo interdisciplinar – que estabeleça diálogo com áreas de interface, como a psicologia, a antropologia, o direito, a biologia e outras áreas científicas.

Vale dizer que, no Brasil, existe cerca de uma centena de cursos de Teologia, já autorizados ou reconhecidos, presentes em vários Estados. Eles são oferecidos por instituições públicas e particulares, pertencentes a mantenedoras confessionais ou não e contemplam teologias subjacentes a diferentes confissões: adventista, batista, católica, espírita, evangélica, luterana, messiânica, metodista, umbandista, entre outras. Trata-se de cursos de graduação com duração entre 1.500 e 4.500 horas. Considerando que se trata de cursos de graduação, orienta-se que respeitem um mínimo de 2.400 horas.

II – VOTO DA COMISSÃO

Votamos no sentido de fixar a sistemática referida nos termos deste Parecer, com vistas à instrução dos processos referentes ao credenciamento de novas Instituições de Educação Superior e de credenciamento institucional que apresentem cursos de Teologia, bacharelado.

Dê-se ciência das presentes recomendações à Secretaria de Educação Superior e à Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação, e ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, para fins de avaliações, autorizações, reconhecimentos e renovações de reconhecimento dos cursos de Teologia, bacharelado.

Brasília (DF), 6 de maio de 2009.

Conselheira Marília Ancona-Lopez – Relatora

Conselheiro Aldo Vannucchi – Presidente

Conselheiro Antônio de Araújo Freitas Júnior – Membro

Conselheiro Edson de Oliveira Nunes – Membro

III – DECISÃO DA CÂMARA

A Câmara de Educação Superior aprova por unanimidade o voto da Comissão.

Sala das Sessões, em 6 de maio de 2009.

Conselheiro Paulo Monteiro Vieira Braga Barone – Presidente

Conselheiro Mario Portugal Pederneiras – Vice-Presidente

(Este texto foi extraído de: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pces118_09.pdf )

1ª CONFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA (CGADB/CPAD): INSCRIÇÕES ABERTAS


1ª CONFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA (CGADB/CPAD): INSCRIÇÕES ABERTAS

Já estão abertas no site da CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus), as inscrições para a 1ª Conferência de Educação Teológica: Encontro de Diretores, Professores e Estudantes de Teologia, organizada pelo Conselho de Educação e Cultura da CGADB, com o apoio do Conselho de Doutrina, Comissão de Apologética e da CPAD.

O evento será realizado na Assembleia de Deus em Santos-SP, liderada pelo pastor Jesiel Padilha, no período de 19 a 21 de Março de 2010.

A presença de diretores, professores e alunos de instituições de ensino teológico se reveste de fundamental importância, tendo em vista os temas que serão abordados nas plenárias:

- Legislação do Ensino Teológico no Brasil (Pr. Dr. Douglas Roberto, Presidente do CEC-CGADB)

Serão tratados assuntos relacionados às mudanças ocorridas na legislação brasileira relacionadas ao curso de teologia. Credenciamento de instituições, autorização e reconhecimento de cursos, integralização de créditos e o uso do título de "bacharel", "mestre" e doutor" em cursos livres serão também tratados. Estará presente o Dr. Paulo Wollinger (Diretor de Regulação e Supervisão do Ministério da Educação-MEC) para tirar as dúvidas dos participantes.

- Princípios Teológicos da Reforma Protestante (Pr. Me. Altair Germano, Vice-Presidente do CEC-CGADB)

Quais foram os antecedentes históricos e as causas da Reforma Protestante? De que maneira em nossos dias, os erros do cristianismo medieval se repetem? Qual o papel das instituições de ensino teológico e dos teólogos na reafirmação dos princípios da Reforma? Estas questões serão ponderadas, juntamente com uma análise sobre a Declaração de Cambridge (Massachusetts, abril de 1996).

- Pressupostos Hermêuticos da Teologia Contemporânea (Pr. Esdras Bentho, Escritor CPAD)

Alguns centros de educação teológica estão substituindo a Hermenêutica bíblica pela Hermenêutica filosófica. Outros, pensando ser desnecessário, não ensinam a Hermenêutica filosófica, o que acaba prejudicando a formação do teólogo. Nesta plenária serão estudados ainda os fundamentos da Hermenêutica Contemporânea e a influência dos seus pressupostos na interpretação do texto sagrado.

O evento contará ainda com os seguintes preletores:

- Culto de Abertura (19/03): Pr. Dr. José Wellington Bezerra da Costa (Presidente da CGADB)
- Culto Especial (20/03): Pr. Dr. Paulo César Lima (Comissão de Apologética da CGADB)

Teremos ainda a participação dos pastores José Wellington Costa Júnior (Presidente do Conselho Administrativo da CGADB), Paulo Roberto Freire Costa (Presidente do Conselho de Doutrina da CGADB), do cantor Vitorino Silva (Patmos Music) e de outros ilustres convidados.

Para maiores informações sobre o evento e as inscrições ligue para (13) 3273 8696, (13) 3227 0987 , (13) 9144 0987 ou acesse o site da CPAD (www.cpad.com.br).

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O que é teologia?

O que é teologia?

Esta é uma pergunta que muitos bacharéis em teologia fazem ainda hoje.

A teologia pode ser definida e apoiada de várias formas, para isto, basta seguir uma de suas linhas de pensamento. Entretanto, é importante saber de onde surgiu a idéia de teologia e como foi que repercutiu nessa época.

A teologia e as formas de Deus se revelar ao homem estão intimamente ligadas. Pode-se, até dizer, que uma não existiria se não fosse a outra. Mas para compreender essa afirmação é preciso saber o que significa fé e tê-la.

A fé não é um mero instrumento, ou uma "carta na manga" dos cristãos, mas é o ponto que completa e faz diferença para entender a teologia.

A teologia também pode ser vista como ciência e tem muito a acrescentar dentro desta ótica. Ela se divide e subdivide constantemente. Existe a teologia católica e a protestante e ambas influenciam muito na vida dos cristãos. Embora existam muitos cristãos que as misturam sem saber. Há a teologia negra, pacifista e feminista, entre outras, e estas precisam ser estudadas com atenção porque elas estão crescendo a cada dia. Atualmente há um papel imprescindível para o teólogo na sociedade em que vive e por isso é necessário saber o que é ser teólogo e quais as áreas em que pode atuar.

Todo estudante de teologia precisa saber que existe a teologia bíblica e que esta se divide em Teologia Bíblica do Novo e do Antigo Testamento, mais conhecidas como TBNT e TBAT. Não adianta estudar outras coisas para entender a teologia, afinal a base dela é a fé e a Bíblia é quem fala e ensina a respeito da fé.

Mas também existe a teologia moderna e esta é importante para os dias de hoje. Há uma enorme necessidade de desenvolver a teologia hoje, mas para que isso aconteça é preciso conhecê-la. Ao estudar a teologia, o futuro teólogo, aprende que, fossem protestantes ou católicos, os pais da igreja se preocupavam em como entender melhor a Deus.

Então, é necessário que compreenda e estude tudo relativo à teologia, para que depois saiba como fazer uma teologia para hoje.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A paz na Igreja(Sermão)

Atos - 9 - 26 : 42
Irmãos e irmãs em Jesus Cristo,

Paz é alguma coisa importante na igreja. Quem procurar o melhor para a igreja, quer que ela viva em paz. Nós sabemos que muitas vezes a igreja não vive em paz. Pode haver coisas que destróem a paz na igreja. Pode haver brigas na igreja. Pode haver perseguição para a igreja.

Por isto é importante que oremos pela paz da igreja. Há um salmo, salmo 122, que faz isso. O poeta do salmo ora pela paz da igreja do Antigo Testamento. Ele diz: Que a paz esteja em você, Jerusalém. E ele quer também que outros orem pela paz da igreja: "Orem para que haja paz em Jerusalém." Ele sabe que a igreja, Jerusalém, a cidade santa onde há o templo, a casa de Deus, precisa de paz. Sabe que só Deus pode dar a verdadeira paz. Por isso ora pela paz.

Então, não sempre há paz na igreja. Mas a Bíblia fala também de situações, nas quais a paz está na igreja. Aconteceu na época do nosso texto. O nosso texto é uma descrição da situação da igreja naquela época. Uma situação que havia durante um certo tempo. O livro de Atos dá em vários lugares uma caráteristica da igreja naquele tempo. Em 2: 43-47 por exemplo Lucas, que escreveu este livro, diz como era a situação na igreja imediatamente após Pentecostes, quando o Espírito foi derramado. Ele escreve que havia unidade na igreja. Em 4: 32-35 ele dá mais uma caraterística da igreja: A igreja era uma igreja diaconal. As pessoas da igreja ajudavam umas às outras. E também o nosso texto dá umas caraterísticas da primeira igreja. Ou seja dá caraterísticas de todas as igrejas numa certa região: A igreja estava em paz em toda a região da Judéia, Galiléia e Samaria.

Não era sempre assim. Sabemos do livro de Atos também de situações, que colocaram a paz em perigo. A igreja daquela época não era uma igreja perfeita. Há pessoas que pensam isso às vezes. Elas querem copiar a primeira igreja. Mas isto não precisa nem deve. Não devemos copiar uma igreja, mas seguir as regras do Senhor. Uma igreja perfeita não há neste mundo. Não havia naquela época e hoje também não. Só vai ter quando Jesus voltar. Que não sempre houve paz na primeira igreja, Lucas mostra claramente: Ele conta de um casal que pôs a paz da igreja em perigo. Mentiram contra o Espírito Santo (Atos 5). Lemos também de discussões entre grupos na igreja a respeito da obra diaconal da igreja (Atos 6). E mais tarde Pedro foi atacado porque ele anunciou o evangelho a pessoas que não pertenciam ao povo judeu. E houve uma briga feia entre Paulo e Barnabé por causa de Marcos. E Paulo devia uma vez repreender Pedro, porque ele voltou atrás a respeito do lugar dos não-judeus na igreja. Ele deixou se influenciar por judeus.

Então, não houve sempre paz na igreja. A harmonia às vezes faltou.

Por isso é uma coisa tão bonita que podemos ler em nosso texto. Em certo momento houve paz nas igrejas da Judéia, Galiléia e Samaria. Podemos dizer: Houve paz em todas as igrejas na região de Israel.

Quando foi isto? Atos 9 fala sobre a conversão de Paulo. Jesus lhe apareceu numa visão. Ele pegou Paulo à força. Paulo era um adversário da igreja. Ele perseguia a igreja quanto puder. Com todas as suas forças. Prendeu e matou homens, mulheres e crianças. Fez tudo para acabar com a paz na igreja. Amedrontou os cristãos. Fez que eles fugissem. Mas Deus quer usar este homem no seu serviço. Para pregar o evangelho. O evangelho foi anunciado em Judéia, Galiléia e Samaria. Mas Deus não se contentou só com isso. Ele quer que também os não-judeus, os gentíos ouçam o evangelho de Jesus Cristo. Atos 10 marca como o evangelho atravessa a fronteira de Israel. Também gentíos se convertem a Deus. O evangelho atravessou mais uma barreira. e Paulo será o instrumento na mão de Deus para anuncias o Evangelho a eles.

E neste momente, após a conversão de Paulo e antes de o evangelho atravessar a fronteira de Israel, a Bíblia nos diz: Havia paz em todas as igrejas de Israel. A igrejas está madura para começar a obra missionária nas regiões gentías. Paz. Não devemos esquecer que eram igreja que sofreram muito. Quem lê os primeiros oito capítulos de Atos pode descobrir, que Satanás tentou em qualquer maneira destruir a igreja. Ele atacou de fora e de dentro. Houve muita perseguição. Mas Deus venceu: Ele dominou o inimigo número 1: Paulo. A perseguição diminuiu. Chegou a paz. Houve também problemas dentro da igreja. Já apontei uns. Mas Deus venceu. Houve falsos profetas. Deus tirou a máscara deles. Ele guardou a igreja em todas as tribulações. O Espírito Santo mostrou realmente o seu poder. Jesus Cristo provou que Ele é o verdadeiro Rei, que governa do céu a sua igreja. Em toda a região de Israel houve só um Vencedor: o Deus triuno. E dá para ver na igreja: Paz. Em Judéia, onde foi crucificado Jesus Cristo. Em Samaria, onde sempre dominava a inimizade contra os judeus. A paz: é a obra de Cristo. Ele venceu muitos corações.

Em resumo: a paz na igreja tinha a ver com duas coisas: De fora não houve mais tanta inimizade: Paulo parou de perseguir a igreja. E dentro da igreja não houve problemas, que havia antes. Havia união e harmonia. É a obra de Cristo, esta paz. Devemos ver isso bem. A paz não é alguma coisa que nós podemos conseguir. O nosso texto fala do Espírito Santo. Foi Ele quem deu a paz às igrejas em Israel.

E porque houve paz as igrejas podiam ser edificadas. A nossa tradução diz que a igreja ficava cada vez mais forte. Na língua original está escrita uma palavra que significa: construir, edificar. É uma palavra que a Bíblia usa muitas vezes, quando fala sobre a edificação espiritual da igreja.

A igreja tem um começo. Atos 2. Depois surgiram muitas igrejas em Judéia, Galiléia, Samaria. Pessoas, que moravam em Jerusalém deviam fugir (8: 1) e foram espalhadas por Judéia e Samaria. Mas elas não esqueceram em falar sobre Jesus, o Rei. Elas anunciavam a Boa-Notícia do Evangelho (8: 4). Cresceram outras igrejas. Mas uma igreja não pode somente crescer em número. Deve crescer também espiritualmente. Isso a Bíblia chama "edificar a igreja". Aqui há uns anos começou uma Igreja Mas tudo não pode ser mais como era no começo. Nós devemos crescer na fé. Uma igreja deve ser edificada. É como uma casa. Alguém vai construir uma casa e faz um começo. Mas no começo ele faz outras coisas do que quando está terminando a casa. A obra continua. E não pode parar no meio do caminho. Isso deve acontecer na igreja. No começo a comida espiritual que comemos era muito leve. A Bíblia fala sobre leite para crianças na fé. Mas quem já há anos participa da igreja, deve ter comida mais forte: feijão e arroz. Um adulto não cresce, quando só toma leite. Por isso estudamos a Palavra de Deus. Para edificar a igreja. Para que nós cresçamos espiritualmente. Para que nós não paremos no meio do caminho. Outra coisa: no começo o pastor fez tudo sozinho na igreja. Mas edificar a igreja tem a ver com a vontade de deixar se usar como pedras vivas na edificação. Quer dizer: o pastor não é o único que é responsável para a edificação da igreja. Somos todos nós. Nós devemos querer usar os nossos dons para edificar a igreja. Uma pessoa dirige uma escola dominical, outra pessoa ajuda com o Boletim, terceira pessoa convida pessoas. E ninguém pode dizer que ele não tem uma tarefa na igreja. Que ele não precisa ajudar na construção da igreja. Na época do nosso texto as pessoas deixaram se usar nesta obra. Porque a igreja não pode ser demolida. Há forças que querem isso: a falsa doutrina. Ou forças de dentro. Uma fofoca. Os apóstolos e mestres ensinaram e os membros construiram. Assim houve crescimento na igreja. Crescimento espiritual. Edificação. Crescimento na fé, nas boas obras, em conhecimento.

Como é hoje na igreja? Em nossa igreja? Em nossa comunidade? Vocês deixam se usar como pedras vivas? Vocês querem crescer na fé e nas boas obras e no conhecimento? As suas vidas mostram um crescimento? Ou será que você ainda está no mesmo ponto quando começou? Há frutos da fé na sua vida? Podemos dizer da comunidade toda e de cada um de nós, que estamos sendo edificado? Que há crescimento espiritual? Vocês ficam, cada vez mais fortes na fé?

Devemos sempre cuidar desta edificação da igreja. Comparando com o passado, para descobrir se há crescimento espiritual. Você deve fazer isso na sua própria vida. Há pessoas dentro da igreja, que, creio, não mostram este progresso na vida espiritual. Continuam a mesma pessoa. Não são tocadas pelo Espírito Santo. Não querem se dar à comunidade. Não crescem na fé, nem nas obras da fé. Felizmente há também outras pessoas. Elas se dão à igreja. Querem lutar para fortalecer a igreja. Usam os seus dons para o bem dos outros. Isto é a obra de Deus. Novamente. Nunca podemos nos orgulhar de nós mesmos.

Uma igreja que é edificada. Sempre mais. Onde há unidade. E paz. É bom viver em tal igreja.

Em nosso texto lemos de mais uma caraterística das igrejas em Israel naquela época: os membros da igreja mostravam grande respeito pelo Senhor. Lucas usa aqui palavras que não encontramos muito no Novo Testamento, mas mais no Antigo Testamento. Ele usa a expressão: caminhar no temor do Senhor. Temor: isto não significa, que as pessoas das igrejas daquela época tinham medo de Deus: uma criança não tem medo do pai. É mais algo como respeito. Por isso eles guardavam os mandamentos de Deus. Tinham medo de desobedecer a Deus. Uma criança que ama ao Pai, quer

fazer o que Ele pede. Lucas diz que as igrejas caminhavam assim. Quer dizer: assim era o estilo de viver na igreja: respeitando Deus. Sabendo que Deus é santo. Amando a Ele. Guardando a Palavra de Deus, o ensino dos apóstolos. Se entregando totalmente a Deus.

Também aqui devemos dizer que não era a sua própria obra. O Espírito Santo fez isso na vida dos membros das igrejas. O temor do Senhor, o repeito por Deus, era um fruto do Espírito Santo.

E qual era o efeito de tudo isto? A igreja crescia em numero, diz o nosso texto. O mundo vê a igreja. Vê quando há paz na igreja ou não. Vê como os membros da igreja estão vivendo. Se eles estão destruindo a igreja ou edificando. Se eles estão vivendo no temor do Senhor ou se eles só procuram se mesmo. A igreja naquela época crescia. O mundo viu que era bom pertencer a esta igreja de Cristo.

Mas não devemos esquecer uma coisa: que também crescimento em número é a obra do Espírito Santo. Todo o mundo dentro da igreja quer que ela cresça em número. Que outras pessoas vão seguir a Palavra de Deus. Mas não devemos esquecer que nós não podemos fazer que a igreja cresça. Nós temos a nossa responsabilidade, como já mostrei: viver em paz. Ajudar a edificar. Temer em Deus. Atrair outras pessoas, as convidando. É possível que uma igreja viva de tal maneira que outros não queiram se juntar a esta igreja. Essa é a nossa responsabilidade. Mas quando a igreja crescer, isso é a obra do Espírito Santo. O nosso texto diz isso muito claramente. A nossa tradução fala da ajuda do Espírito, mas isso é muito fraco. Lucas usa uma palavra que tem a ver com a pregação da Palavra. Podemos traduzir: a igreja crescia em número pela pregação do Espírito Santo. Houve na igreja uma pregação missionária: convidando os visitantes a se juntar à igreja. Uma pregação cheia do Espírito. Foi o Espírito que deu isso.

Então, como a igreja cresceu? Devemos dizer duas coisas: 1. Aconteceu pelo Espírito Santo: Ele deu o crescimento. Pessoas podem inventar tanta coisa, se Ele não der, a igreja não cresce. 2. O Espírito usava a mensagem da Palavra de Deus. Hoje em dia muitos pensam que o crescimento da igreja depende de fazer milagres e curas, mas a Bíblia ensina qual é o instrumento do Espírito: a pregação: a fé vem pelo ouvir da mensagem. A mensagem da Bíblia deve ser anunciada. Uma igreja que quer crescer deve em primeiro lugar pregar o Evangelho de Cristo. Isto o Espírito Santo quer usar para dar crescimento.

Irmãos e irmãs, A Bíblia dá um bom testemunho das igrejas em nosso texto. Ou seja: o texto mostra o poder de Cristo, o poder do Espírito. Havia adversidade, sim. Mas Deus é muito mais forte do que Satanás. Ele venceu os inimigos: um Paulo. Ele deu unidade à igreja. Paz. Ele trabalhou na vida dos cristãos. Deus para ver: vidas respeitando o único Deus. Pode ser que fiquemos um pouco com ciúmes desta igreja. Mas não esqueçam: Deus é o mesmo. O Espírito é o mesmo. O que Ele fez, ele pode fazer ainda hoje. Ele trabalha na igreja. Ele quer lhes dar o temor em Deus. Ele quer dar a paz na igreja. O que nós devemos fazer é ver a nossa responsabilidade. Lutar pela paz. Deixar se edificar. Estudar a palavra. Atrair outras pessoas. É bom viver na igreja de Cristo.

A missão e o Espírito Santo (sermões)

Atos - 1 - 8 : 8
Quando nós lemos as Escrituras Sagradas, em particular o Novo Testamento, nós somos logo esclarecidos de que a obra missionária é uma acção conjunta da Santíssima Trindade. Em Genesis 3:15 e João 3:16 nós vemos que o Pai é o Grande Arquitecto da acção missionária, foi ele quem deu o primeiro passo, se assim podemos dizer, na formação da missão. O Filho é o "Elemento Fundamental" da acção missionária, ele é a missão em si mesmo, o grande propósito pelo qual ela existe. O Apostóstolo Paulo ao falar do Filho ele disse: "Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas..." (Rm 11:36). E o Apóstolo João disse: "...sem ele nada do que foi feito se fez." (Jo 1:3). Já o Espírito Santo é o Grande Implementador da acção missionária como podemos ver em Actos 1:8 e também em João 14. Se voltarmos nossos olhos para Lucas 9:1 vamos ver que o Jesus quando enviou os doze apóstolos pela primeira vez ele lhes deu δύναμις (dunamis) - poder. Este mesmo "dunamis" (poder) é o que é prometido a toda Igreja em Actos 1:8. Portanto, sem o Espírito Santo, dificilmente a acção missionária terá êxito.

É importante lembrar também que o envolvimento da Santíssima Trindade na acção missionária não deve ser entendida como uma acção passada, como se a obra do Pai e do Filho já estivesse concluída e só o Espírito Santo estivesse em acção neste presente momento. Isso nos induziria a cair em alguns extremos e a pensar "panteísticamente", o que não é caso. Só há um Deus, e este Deus continua plenamente envolvido na acção missionária. O Pai continua a sustentar e validar a missão, o Filho continua a ser o Elemento Fundamental da missão e o Espírito Santo continua como o Grande Implementador da obra missionária e assim será até que Mateus 24:14 se cumpra:

"E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim."

A MISSÃO E O ESPÍRITO SANTO

No entanto hoje eu quero reflectir um pouco com os irmãos sobre a acção do Espírito Santo na obra missionária. Em Zacarias 4:6 nós podemos ler uma advertência do Senhor muito interessante: "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos." O texto nos deixa perceber que a obra do Senhor em atrair para si homens e mulheres não será uma obra realizada por uma força externa, ou por uma persuasão moral, ou por eloquência, mas pelo poder de Deus, pela acção do Espírito Santo na vida daqueles ouvem a Palavra de Deus.

O Apóstolo Paulo não desassociava o poder de Deus da Palavra de Deus. Em Romanos 1:16 o Apóstolo diz que o Evangelho é "dunamis" (poder) de Deus para a salvação daquele que crê. Quando a Palavra de Deus é aberta, lida e pregada o "dunamis" de Deus entra em acção para salvar aquele que está perdido.

Quando Pedro e João são presos e levados perante o sinédrio, a Igreja se empenhou em oração, percebo pelas orações deles, que também não desassociavam o poder de Deus da Palavra de Deus. Vejamos o que eles oraram: "Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falam com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo Jesus. E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus." (At 4:29-31).

Qualquer manifestação do Espírito Santo é acompanhada da Palavra de Deus e nela está embasada. Não consigo conceber manifestações ditas do Espírito Santo, mas que não encontram base nas Escrituras Sagradas.

Na Igreja Evangélica Baptista de Cascais há liberdade de espírito, nós cremos e aceitamos todos os dons e manifestações do Espírito Santo, acreditamos que assim como Deus operou no passado baptizando e enchendo os crentes com o Espírito Santo, ele continua a fazer nos nossos dias, mas nos recusamos a aceitar qualquer manifestação que não tenha base nas Escrituras Sagradas.

Essa era a postura da Igreja Neotestamentária, dar ênfase ao poder do Espírito Santo na exposição das Sagradas Escrituras. Em Actos 2 temos o registo do baptismo da Igreja com o Espírito Santo, houve manifestação de dons e maravilhas, o povo atraído por estas coisas ficaram maravilhados, mas somente quando Pedro se levantou e pregou a Palavra de Deus no poder do Espírito Santo é que houve salvação naquele lugar, três mil almas foram salvas.

Nem dons, nem manifestações, nem maravilhas, nem qualquer outra coisa, senão a Palavra de Deus pregada é o maior sinal de que a missão está a ser implementada pelo poder do Espírito Santo. Oh irmãos, quando esta Palavra é pregada o Espírito de Deus começa a operar maravilhas. Um é cheio de poder, o outro recebe um dom, um é liberto de um medo ou depressão, outro é consolado, um é curado e outro encontra a salvação, esse é o "dinamus" de Deus.

Lembro-me que durante um evento na Índia, numa aldeia muçulmana, onde pregávamos a Palavra de Deus em uma tenda ali armada, havia centenas de pessoas, muçulmanos e hinduístas, não havia barulho algum no ar, a não ser o pregador que anunciava o Evangelho de Cristo, mas derrepente uma mulher se levanta e começa a gritar em sua língua, sem entender o que se passava, paramos tudo e mandamos trazê-la a frente para ver o que se passava, ela então disse para espanto de todos: "Entrei nesta tenta com meu braço atrofiado, e enquanto ouvia este homem falar me dei conta que meu braço foi curado e já não sou mais aleijada!" - Glória a Deus, foi uma noite de salvação, onde vários tiveram um encontro com Cristo.

Quando colocamos os sinais e manifestações afrente da Palavra, corremos o risco de nos perder no caminho.

CONCLUSÃO

Aos missionários Paulo e Tatiana queremos dizer que nossa igreja espera que o envolvimento missionário de vocês em Angola seja acima de tudo na pregação da Palavra de Deus. Qualquer outra acção missionária deve ser resultante desta primeira, se deixarem a Palavra de lado para fazerem outras coisas vão perceber que estão a perder tempo. A Palavra vai a nossa frente, que possamos dizer como disse o salmista: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho." (Sl 119:105).

Nos momentos de saudades, de dificuldades, de tristezas, busquem um lugar secreto dobrem os vossos joelhos em oração, abram a Palavra de Deus e receberão dele o conforto necessário.

Quando faltar estratégia, planos, quando as coisas parecerem sem rumo, olhem para a Palavra de Deus e ela lhes mostrará como agir.

Sejam completamente rendidos a Santíssima Trindade, e então irão experimentar a provisão do Pai, a presença do Filho e o poder do Espírito Santo.

Nós despedimos vocês com muitas expectativas sobre aquilo que Deus poderá fazer nas vossas vidas e por meio de vós em Angola. Estaremos aqui a velar por vós!