Teologia e Fé

Não é possível falar sobre fé sem citar o texto de Hb 11.1
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.
 Após falar sobre a revelação e sobre a inspiração, a teologia se mostra presa à fé e isto envolve o âmbito espiritual. Para se tratar de um assunto divino é preciso crer no divino.
A fé também é definida pela disposição de crer em algo, isto significa, acreditar sem ver. Ela também pode ser vista como algo racional. Entretanto, neste prisma, coloca a teologia diante de problemas difíceis. Ela não pode ser puramente psicológica e nem baseada apenas na razão, pois é algo individual e ao mesmo tempo comum a todos. É ela quem leva as pessoas às igrejas e a uma reflexão interna.
De acordo com os ensinamentos paulinos a fé é o início do caminho que leva o homem a Deus. Porque não é o evento salvífico de Cristo que transforma o ser humano num cristão, mas a atuação do Espírito Santo de Deus e a crença de que tudo isto existe. Só através da fé que alguém pode entender tudo isso, compreender a graça de Deus e ao mesmo tempo, sentir-se sob ela.
A partir deste ponto é possível entender a teologia, porque ela utiliza a fé e é fruto da mesma. Imagine não ter fé ou não entendê-la e falar em revelação e inspiração, sem falar, em Deus e nos seus atributos divinos.
O teólogo, além de utilizar os seus pensamentos, precisa lembrar que para compreender a Palavra de Deus é necessário meditar nela, tirar conclusões e ensinamentos da mesma, a saber, os ensinamentos de Cristo.
A teologia não está desvinculada do indivíduo e muito menos do conteúdo da Escritura. A história da teologia mostra que os maiores pontos da fé cristã surgiram mediante a necessidade de combater idéias errôneas e heresias. Por isso o teólogo tem que viver integralmente da fé cristã, a qual é revelada pelo Espírito Santo de Deus.
Künneth diz que a vida do Espírito Santo toma conta do homem todo e também de sua capacidade de compreensão. Afirma ainda que as funções intelectuais do homem são determinadas, libertas e novamente orientadas pelo Espírito.
Só através de uma atitude humilde e reverente, que é condicionada pela fé, é que se tem uma abertura para ser ensinado pelo Espírito Santo.
É bom lembrar que sem fé não há teologia e que não se pode agradar a Deus, conforme diz o texto em Hb 11.6,
 Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.
 O teólogo precisa ter uma fé viva, através da qual é estimulado a elaborar, de forma intelectual, exata, comunicável e possível de verificação, a mensagem da verdade, a qual é Deus, que ele crê por fé. Esta condição é conhecida pela expressão fides quaerens intellectum (fé que procura entendimento).
O teólogo porém não pode esquecer que a fé, em momento algum, tem como finalidade abolir a ciência. Muito pelo contrário, a teologia também pode ser vista como ciência. Ter fé não significa acreditar somente naquilo que a ciência não pode explicar. Ela a utiliza como base de sustentação.