Teologia e Ciência

Até aqui o estudante já tem conhecimento do que é teologia e para quê serve. Mas precisa saber o significado da palavra ciência e conhecer o seu conceito e definição.
Conforme o Dicionário da Nova Enciclopédia Católica, que tem uma visão eclesial, ciência é um dom do Espírito Santo que permite apreciar as coisas criadas sob uma luz natural. É um artigo da fé que dentro da razão ajuda a alcançar um conhecimento limitado sobre Deus.
No dicionário da língua portuguesa, a definição encontrada é de um conjunto de conhecimentos fundados sobre princípios certos; é o saber que se adquire por meio dos estudos e da meditação.
A ciência pode ser dividida em exata, natural e mística. A teologia começa a ter uma ligação com a ciência a partir deste ponto, porque este apóia a cabala.
Então a teologia é vista como a ciência das coisas divinas ou das relacionadas ao divino. Entretanto, para aplicar o termo ciência à teologia é necessário um exame mais minucioso.
Ao falar em ciência surge na mente de cada pessoa algumas ciências comuns e conhecidas no dia-a-dia como a biologia, a geologia, a psicologia e até mesmo a filosofia. Ao ter como ponto primordial, da ciência, um conjunto de conhecimentos adquiridos pela razão natural humana, fruto do esforço e da experiência racional do homem, o estudante não pode afirmar que a teologia é uma ciência.
Entretanto, se a ciência for vista como um conhecimento preciso e fiel que está em oposição às opiniões, hipóteses e teorias, pode-se afirmar que a teologia é ciência. Parece complicado mas não é!
É preciso entender que a ciência pode ser vista como um conjunto de conhecimentos relativos às percepções adquiridas pelo pensamento (razão) humano. Mas também é um conjunto de conhecimentos preciso e fiel, o qual coloca em questão as hipóteses existentes. Nota-se que para compreender a teologia e a ciência é preciso ter em mente que a ciência utiliza fontes e estas existem, pois a Bíblia é uma delas.
Ao colocar em questão as coisas referentes à fé, o ser humano se apropria da sentença referida com o seu intelecto humano, isto é, a sua razão. Na realidade, o que ocorre é que o homem tem dentro de si características e limites. Por isso há a necessidade dos por quês e da obrigação de desvendar os mistérios. Tudo isso ao se misturar torna-se um ato de enorme confiança na sua própria capacidade de compreender as coisas (inteligência) e na sua fé (místico).
No período da escolástica surgiu um problema entre o relacionamento da ciência com a fé. Porque neste período as informações eram cedidas com autoritarismo por parte da Igreja. Tomás de Aquino foi um dos que questionou essa maneira de fornecer e receber os ensinamentos referentes à Bíblia. Ele disse: 
O importante não é o que alguém pensou ou pensa, mas sim o que a coisa é em si mesma. 
É óbvio que Anselmo de Cantuária, pai da escolástica, não tinha em mente dissolver a fé em ciência, mas queria fazer uma linha de ligação coerente entre a fé e os seus mistérios, com a inteligência humana.
O maior problema encontrado na época era explicar o fenômeno metafísico do milagre, porque o testemunho de qualquer cristão era real e tinha credibilidade. Houve então uma passagem da apologia para a apologética, quer dizer, que se fez uma passagem da defesa para a justificação de cada uma das afirmações da fé diante da sua contestação para uma justificação e motivação da fé na revelação.Mas chegou-se a conclusão de que não pode haver divergências entre a fé e a ciência, afinal Deus é a verdade.
Aristóteles também conceituou a relação, possível, existente entre a teologia e a fé. Para ele a ciência é o conhecimento da essência universal das coisas e das causas. Este conhecimento envolve e cria relações lógicas, deduções, demonstrações e conclusões também lógicas, cuja base está ligada aos princípios do pensamento.
Tomás de Aquino não aceitou essa teoria de ligação entre a teologia e a ciência, pois crer é ter convicção daquilo que não se vê e a ciência estava dizendo que era preciso conhecer com base nas evidências. Mas defendeu que a teologia está relacionada com a ciência, porque possui um caráter de princípios e evidência.
Ele tinha razão, mas também não se deve desprezar os outros, porque a ciência tem muitas ramificações, as quais podem levar à várias definições. Mas o que interessa é saber que a teologia e a ciência estão ligadas e se completam, porque uma explica o que a outra precisa entender e ambas servem de base para suas opiniões.
Afinal, a ciência tem como princípio universal o saber, o desvendar, o pesquisar e a teologia é fruto disso tudo. Desta forma fica fácil compreender o envolvimento da teologia com a filosofia.